quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

São Paulo: amoródio!

Avenida São Luís, no centro, vista do edifício Louvre /
Imagem: Alexandre Kröner
Estar em São Paulo é viver sempre na iminência. De quê? Não sei. Perto da tragédia, também do maravilhoso, algo do inusitado, ao lado do horroroso, misturado ao desconhecido, junto com o embaraçoso. Enfim, no fio da navalha do desconhecido. A cada esquina algo está a sua espera ou a sua espreita. É um convívio diário do trabalho regado a muitos atalhos que a cidade - o bem e o mal são cúmplices - oferece (ou tira?) de tudo.

Assim, amamos São Paulo. Mas isso não é verdadeiro, também odiamos São Paulo, igualmente não real. Talvez, pela imprecisão do que sentimos, precisaríamos criar um novo termo: amoródio. Mas essa nova junção, do sublime com o rasteiro, também ficaria incompleto. E por quê? Ali, os amores, conflitos, desastres, junções ficarão eternamente sem um final; como um horizonte que tateamos, mas nunca possuiremos e, ao contrário, há de nos perseguir. Tudo ali se movimenta, transforma-se em algo, tão formidável quanto assustador, como um mutante fascinante e devorador.

Assim, São Paulo é, no fundo, no fundinho mesmo, o retrato de todos nós. Surfando perto do abismo.


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