terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Contrariado, admito…


Não sou corinthiano. Meu coração é são paulino com História para contar. Mas, entretanto, todavia e contudo devo admitir - a contragosto - que o Corinthians é e sempre foi o retrato mais profundo do povo brasileiro. E por quê? 


Se descermos na raiz, este time tem nas suas cores - o preto com o branco - a nossa mulatice. Está entranhado no extrato mais pobre e sofrido de nossa gente. Da zona leste de São Paulo: cerealistas, pedreiros, frentistas, benzedeiras, padeiros, lavadeiras, putas e desempregados. Quer mais? Também árabes, espanhóis, nigerianos, etc. Também aprenderam (ou foram obrigados?) a “se virar na vida”, senão sifu... Assim criaram o molejo, a boa malandragem e a improvisação como sua arma de defesa. Quer mais? Tem garra... garganta... gana...

Volto a admitir: neles - são nossos principais adversários (não inimigos) -  quando o vento está contra, o tufão é obrigado a recuar porque são foda... Apesar do nosso currículo, bem maior, num item eles estão à frente: o bum... bum... bum... deles estão 0.5 segundo à frente.

                               

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Niemeyer


Pelas suas linhas
ficamos mais alinhados
sinuosos e sensuais
desenhando sua arquitetura
nas ondas do mar.
Pelas suas surpresas
ficamos mais atônitos
suspensos em sonhos
desenhando sua arquitetura
nas pátinas do olhar.
Pelo seu socialismo
ficamos mais rebeldes
estudiosos e solidários
desenhando sua arquitetura
no verão de nossa vida.
Pela sua doçura
estamos mais contemplativos
meigos e risonhos
desenhados pela sua arquitetura
que a beleza é leve. 

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Carta ao Felipão

Caro Felipe, prefiro chamar-lhe assim… do que pelo ÃO ao final do seu nome. Este jeito de por grandiosidade no término das palavras - saradão, fudidão, machão - para aceitá-las é burrice. Se assim fosse a corrupção deveria ser nosso feijão com arroz.

Mas aqui o assunto é outro. O drama é o futebol. Caso complicado... veja o seguinte exemplo: na metade dos anos 70, e principalmente dos anos 80, surgiu o pensamento que o nosso jogo dependia do chamado volante. Como o nome afirma deveria ser valente, “macho”, brigador e, por isto mesmo, avesso ao drible e à criação. O jogador que mais encarnou este espírito foi o Dunga. Como Dumbo, de Walt Disney, tem orelhas largas, pesadão e voa como um elefante sobre os outros. Sua virtude máxima é roubar a bola dos adversários e passar a pelota para que outros continuem a jogada. É o jogador boi, cara quadrada de obtuso, queixada à frente no comprimento e cumprimento do dever.

E daí? Ora, Felipe, isto - ser soldadinho de chumbo - é bom para o futebol alemão. Os jogadores de lá tem nomes de caminhões de carga: Von Krugger, Wagner, Rudolf. Suas mulheres parecem sargentonas. Suas cinturas assemelham-se a troncos de árvore. Suas jogadas são boladas como estratégias de guerra: primeiro artilheiro, zagueiro rompedor, goleiro com cara de soldado.

Pois bem, por aqui a cultura é outra: não necessitamos de nazista e sim de passistas. Nossos jogadores devem ser do drible, da ginga, da firula. Cintura fina e ar de moleque. Olha esses nomes históricos: Didi, Zito, Pelé, Pepe, Vavá, o baixinho Romário, etc. Seus nomes são diminutos com tantos inhos do carinho feito por suas jogadas. Fora com os ÃOS nos nomes e no futebol.

Então, por favor, não transforme nossa seleção numa coleção de brucutus. Já perdemos a última Copa do Mundo por isto. Agora, será por aqui.


quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Aeróbicas religiões

Quando participo de um culto religioso, hoje em dia, tenho dificuldade em compreender se estou ou não num espaço de orações. Fico a duvidar: será que não me enganei de endereço? Ou entrei num show místico? Ou num supermercado da fé? Ou num espetáculo catártico? Ou se estou numa peça teatral próximo do Juízo Final. Ou se, no próximo ato cênico, uma foca empinará no altar uma bola. Não sei...

Se a intenção do encontro (cena: multidão ondulando uniformemente seus braços aos céus em rostos padronizados de êxtase) é o emagrecimento, com ajuda divina, topo de bom grado a aeróbica que se faz. Se a idéia é o simples divertimento para ouvir música religiosa, na ausência de uma introspecção espiritual, “limpando o fígado”, compreendo. Se a jogada é culpar o Demo pelos problemas acontecidos, condenarei a Eliane pelos meus dramas. Se as igrejas só falam dos Céus e não da desigualdade social arquitetada pela exploração social, discordo. Se o Papa, da minha Igreja Católica, afirma que é pecado ter relações sexuais antes do casamento, emudeço com medo do inferno. Enfim, tô perdido...

Outro dia, estive numa cena típica: ia passando pela rua, quando um pregador me abordou com a pergunta: “Você lê a Bíblia?”. Fiquei confuso na indagação. Se eu respondesse que sim, ele poderia fazer uma avaliação do meu conhecimento. Eu, evidentemente, poderia “dançar” (ser reprovado como professor é vergonhoso). Se respondesse que não, hummm... ele faria uma preleção sobre as minhas carências em “apenas” 60 minutos. Assim não tive saída, respondi: “Estou lendo”. Ele fez uma cara de espanto e emendou: “Se assim é, o Pai vai te ajudar no seu ganho mensal”.

E daí? Fiquei contente. Não é que o profeta sacou que entro, todo final de mês, no cheque especial? Danadinho mesmo... Será que ele, inspirado pela divindade, viu que a minha feição é de amargurado devedor? Mas o que interessa: profetizou em meu beneficio a teologia da prosperidade. Que legal! Isto incentivou a minha imaginação: se assim for, irei trocar de carro. Ou ao menos posso comprar azulejos para reformar meu decrépito banheiro.

Mas, Eureka! Tive uma grande idéia diante do anunciado sucesso. Vou bolar um aplicativo para tablets onde venderei a minha fé por US$1,99 para milhões de pessoas, antes que as igrejas ponham a mão neste tesouro.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Viva a Negritude


Diz uma marchinha de Lamartine Babo: “Quem foi que descobriu o Brasil?/ Foi seu Cabral/ Foi seu Cabral/ No Dia 22 de abril/ Dois meses depois do carnaval”. Pois bem, não querendo discordar do mestre --- nosso caminhãozinho de areia fica ainda menor diante da sua grandiosidade --- faço um reparo: o verdadeiro inventor do Brasil foi o negro.


Como? Diante da exploração dos portugueses, os escravos negros criaram uma resistência muito eficaz: a ginga!

 Ginga no coice da capoeira.
 Ginga na dança e no drible.
 Ginga no vocabulário ao conjugar as dificuldades no gerúndio (Como você vai? Sábia resposta: eu to levando...) onde nada se conclui e tudo se esclarece na intuição. 
Ginga no ritmo das músicas para ensinar “quem canta seus males espanta”.
Ginga na religiosidade, na mistura dos credos. Aliás, fazer uma “simpatia” não faz mal a ninguém. 
Ginga na sexualidade para espantar a hipócrita castidade do pecado católico.

Por tudo isto nós nos beijamos muito. Somos os campeões na face da Terra. E, graças aos Orixás, pela minha boca também! 


segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Historiador descobre foto no DOPS de policial assassinado na ditadura


Arquivos do professor Mário Sérgio de Moraes indicam nova versão para mortes ocorridas nos "Anos de Chumbo"

Por Noêmia Alves - Mogi News

Semelhanças entre as imagens do tenente José Ferreira de Almeida e do jornalista Vladimir Herzog chamaram a atenção do historiador

Uma foto descoberta pelo historiador, escritor e professor universitário Mário Sérgio de Moraes pode ajudar a reescrever uma nova história das mortes em série durante a ditadura militar.

A imagem datada de 12 de agosto de 1975 seria do tenente José Ferreira de Almeida, morto numa cela do Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI), órgão subordinado ao Exército.

Dados oficiais indicam que a morte ocorreu por suicídio, mas segundo apurou Moraes, há fortes indícios de que o policial tenha sido assassinato. Afirmou:" Digo isto porque a foto do tenente José Ferreira de Almeida, que foi revelada pelo inquérito, é uma imagem muito semelhante àquela mais conhecida do jornalista Vladimir Herzog", contou. "Ora, como o Vlado morreu em data posterior, 25 de outubro de 1975, e esta foto do tenente é de agosto, verifica-se, por comparação, várias ´coincidências´", pontuou o historiador.

Ambas as imagens mostram os corpos na mesma posição com joelhos dobrados. A versão do governo também é a mesma: o suicídio por enforcamento com o cinto. A cela é igual - DOI-CODI número 1. A análise foi feita com base nos arquivos oficiais. Moraes que teve acesso a eles por ser integrante do Núcleo de Estudos da Universidade de São Paulo (USP). 
"Em síntese", explica o professor, "os órgãos repressivos tinham um ´modus operandi´. Eles montavam um cenário, iguais as versões de atropelamento ou suicídio dadas sobre os oponentes políticos, para diferentes situações tentando disfarçar os trágicos acontecimentos. Não tenho dúvidas de que assim como Vlado, o tenente e tantos outros presos ´subversivos´ foram mortos e havia um mesmo molde fotográfico de dissimulação feito pelos torturadores para que seus atos macabros passassem por naturais", revelou Moraes. "Mais do que a verdade é preciso lutar para que a memória e história desses fatos não morram", finaliza. 

Direitos Humanos

Na época, o fato foi denunciado ao Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, grande defensor dos Direitos Humanos. O religioso teve um diálogo com o comandante do II Exército, afirmando: "isto se realiza de dois em dois meses e já sabemos quais as classes escolhidas para os próximos arrastões. Em outubro será a vez dos jornalistas". 
A declaração prenunciava a tragédia com relação a centenas de detidos. "O comportamento e o prelúdio das mortes foram revelados durante a pesquisa feita para meu livro ´O ocaso da ditadura´, em que analiso as circunstâncias sociais da morte de Herzog. Meu irmão, Dr. Márcio José de Moraes, foi o juiz que condenou o Estado pelo uso da tortura", disse o historiador.

(Matéria publicada no Mogi News no dia 21/10/2012.)


quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Compra das Eleições

“Eleição é negócio e o voto é a mercadoria mais valiosa”. Isto foi afirmado no filme “Tropa de Elite 2”. Mas será isto verdadeiro? É ou não um espetáculo comercial? Será que ter grana é fundamental para o sucesso político? Eis a resposta: saia nas ruas neste domingo e decifre você mesmo o fato. Por exemplo: quantas pessoas estão sendo pagas i-l-e-g-a-l-m-e-n-t-e para fazer “boca de urna”? Todos os candidatos são contra isto, mas quantos pretendentes fazem isto? E mais: de onde vem tanto dinheiro?

Eis a amostra grátis: para ocupar o legislativo de qualquer média cidade são necessários, por baixo, 300 mil reais. Nas grandes capitais ultrapassa 1 milhão. Ora, de onde vem tanta dinheirama? De dois sacos sem fundo: dos empresários que investem e serão ressarcidos posteriormente na aprovação de seus projetos. E o pior: do nosso próprio bolso que “por fora” engorda o caixa dois deles. Conclusão: somos ou não fichas deste cassino eleitoral?

Mas se um político fica ajoelhado perante o poder econômico, vai ter que rezar ou roubar? Não sei. No entanto, aprendi com Santo Agostinho que o culto ao Santo Dinheiro causa danos: “quem lambe papel pintado fica com mais fome”. Fome da contravenção. Fome de submissão aos poderosos. Fome de fazer “favorzinho” aos desvalidos. Fome de perpetuação das injustiças.

E qual o nome disto? É uma palavra feia: plutocracia. Plutocracia? Definição: “sistema político influenciado pelo dinheiro”. Mas, caro leitor, será que este termo não resvala na profissão mais velha do mundo? Afinal de contas, muitos se vendem em troca de prazeres. Ou não?

E como fica a democracia? Será que soa como um pum?  Apesar disto, a pior atitude é ficar calado como cúmplice do crime. Aliás, da Política vivemos e dela prosseguimos. Bem ou mal. Como? Ao nascer, nosso registro é selado no Ministério da Justiça. Vacinados, ao da Saúde. Na escola, ao da Educação. No emprego, vai ao Ministério do Trabalho. E ao morrer não levaremos nada, nadinha mesmo, do que acumulamos. Que bom...Mas passamos a ganância ou bonança aos filhos. Qual devemos escolher?

Então, neste instante devemos aproveitar as brechas --- o voto deste domingo é essencial --- para elegermos pessoas que não sejam placebos do poder.


terça-feira, 2 de outubro de 2012

Guia Prático para se candidatar a cargos políticos (versão ilustrada)

É isso aí, caro leitor! Fiz uma versão ilustrada para o nosso post anterior, o "Guia dos Predadores". Assim, a poucos dias da eleição, fica mais fácil de compartilharmos as dentadas que separam os cidadãos comuns dos predadores políticos. Fiquem atentos, eles estão à solta!

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Guia dos Predadores


Nas próximas eleições surgirão bons candidatos. Infelizmente poucos. Mas na minha inutilidade (sei que escrevo muitas besteiras) torço pelos que se esforçam em conseguir uma “boquinha” no legislativo. Lá aprenderão a ser profissionais da política. Assim, inspirado em Maquiavel, criei um “Guia dos Predadores”, ensinado aos amadores como se tornarem contraventores políticos. Eis, em dez dentadas, a melhor forma de se tornar um “thief man”:

  • Dentada 1: candidate-se por um partido eternamente situacionista. Qual? Não se preocupe, quase todos são submissos ao poder;
  • Dentada 2: garimpe a $impatia dos financiadores para compor os $ustentáculos da campanha, formando a caixa 3 (o caixa 2 é para os menores);
  • Dentada 3: use do estilo “Sorriso Fácil”, distribuindo promessas. Saiba, porém, que o “tapinha nas costas” está superado. O fundamental é maior tempo de exposição na TV. Nas ultimas eleições municipais, em 18 das 26 maiores cidades brasileiras, os líderes nas pesquisas são os mais vistos;
  • Dentada 4: Entenda claramente que, se eleito, você apenas governará. Mas o comando virá das transportadoras de lixo, construtoras, e fortes empresários. Estes construirão prédios sem estudos de impactos na vizinhança, sem a obrigação de tratamento sanitário e construídos em ruas estreitas sem escoamento viário. Tudo em nome do progresso;
  • Dentada 5: atue diplomaticamente em organizações religiosas e assistenciais para conseguir a confiança dos fragilizados. Lá o curral é imenso para o voto caridoso;
  • Dentada 6: pague um concorrente “boca de aluguel” para fazer o trabalho sujo contra seus adversários. Isto dispensará você do ataque;
  • Dentada 7: publique números falsos de pesquisa eleitoral, mês a mês, antes da data eleitoral. Isto cria a “turma do já ganhou”, falso no instante, mas a mentira repetida é uma verdade retida;
  • Dentada 8: é preciso comprar o voto dos famintos. Prometa dar R$ 100,00, dando apenas a metade do valor antes do dia das eleições. Mas cuidado: deixe esta manobra para seu cabo eleitoral. Se caso for denunciado, é fácil livrar-se da culpa;
  • Dentada 9: confira, após o fechamento das urnas, o numero de votos dados a você em cada seção, conforme o cabo eleitoral lhe afirmou;
  • MORDIDA FINAL: eleito, não pague a outra metade da grana aos “coitadinhos” pelo voto comprado. Vá comemorar numa churrascaria o abate de todos nós.


segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Desigualdade, o fracasso da esquerda - por Clóvis Rossi


Compartilho com vocês, na íntegra,  o ótimo artigo de Clóvis Rossi que foi publicado na Folha de S. Paulo neste domingo, dia 26. 

No Brasil, os mais ricos recebem do governo 13 vezes mais que a turma do Bolsa Família
O único metro usado para medir a desigualdade chama-se índice de Gini, no qual o zero indica perfeita igualdade e 1 é o cúmulo da desigualdade. O Brasil de fato melhorou, de 1999 a 2009: seu índice passou de 0,52 para 0,47.Acontece que o índice mede apenas a diferença entre salários. Não consegue captar a desigualdade mais obscena que é entre o rendimento do capital e o do trabalho.
Escreve, por exemplo, Reinaldo Gonçalves, professor titular de economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, um dos raros economistas que continuaram de esquerda após o PT chegar ao poder: 
"Com raras exceções, essas políticas [as do governo Lula] limitam-se a alterar a distribuição da renda na classe trabalhadora (salários, aposentadorias e benefícios) sem alterações substantivas na distribuição funcional da renda, que inclui, além do salário e das transferências, as rendas do capital (lucro, juro e aluguel)." 
Há pelo menos um dado que faz suspeitar seriamente de que a tal distribuição funcional da renda piorou: no ano passado, o governo federal dedicou 5,72% do PIB ao pagamento de juros de sua dívida. Já o Bolsa Família, o programa de ajuda aos mais pobres, consumiu magro 0,4% do PIB. 
Resumo da história: para 13.330.714 famílias cadastradas no Bolsa Família, vai 0,4% do PIB. Para um número infinitamente menor, mas cujo tamanho exato se desconhece, a doação, digamos assim, é 13 vezes maior. 
Como é possível, nesse cenário, que se repete ano após ano, reduzir-se a desigualdade na renda?
Vale a reflexão.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Presentes que mereço


Mereço muitos presentes neste Dia dos Pais. E por quê? Sei que sou um resumo de todos os progenitores (palavra feia, não?). Aliás, somos todos razoavelmente iguais. Para provar o que digo, sou assim: quando brigo com meus filhos, quem resolve a parada é a minha mulher. Quando penso em dar festa para eles falo só no custo da farra. Eles não me contam tudo, só aquilo que eu acredito. Assim, concluo, sou típico e mereço muitos presentes. OK!

Mas como meus filhos vivem também na pendura (o dinheiro deles sobra quando estão com seus amigos) não sei o que ganharei. Mas tentarei adivinhar. Eis aqui o que os danadinhos poderão me oferecer:


Presente 1: soro da verdade. Para eu aplicar em mim mesmo e ficar estrebuchando de tantas bobagens que sempre disse. Depois eles mostrariam isto num vídeo para todos e, decerto, falariam: “Eu não disse que ele é meio maluco?”

Presente 2: uma sacola cheia de produtos recentemente comprados no supermercado com o meu dinheiro (é a mãe que oferece o cartão!). Eu poderia com isto calcular a inflação do país (o que recebo é sempre menor do que gasto) e ficar “puto da vida”. Com isto, melhoria minhas aulas de História metendo o pau em todos os governos. Hoje sei que o professor é a segunda profissão mais velha do mundo, rivalizando com a primeira.

Presente 3: alguns livros. Para eu jogar no colo de algumas autoridades locais --- Cultura por aqui é coisa do diabo --- e eles me chamarem de terrorista.

Presente 4: um santinho do Padre Rodolfo (meu santo protetor). Para rezar todas as noites quando meus filhos, em plena madrugada, saem para ir ao bar, shows, baladas, etc. E, ainda por cima, com “aquela mulher” que eu não gosto.

Presente 5: colar de alho. Para espantar os vampiros quando fico “tomado”. Mas quando isto acontece? É quando alguns vereadores desta cidade falam em Ética, democracia e juram que fiscalizam o Executivo.

Presente 6: revista de palavras cruzadas. É para o exercício da minha memória que ultimamente já está esquecendo os nomes de amigos, parentes e outras pessoas ditas “importantes” (estas finjo que esqueço).

Presente 7: uma robô doméstica. Para eu repassar à minha mulher, que só reclama da empregada como se a culpa fosse minha.

Se receber um destes presentes saberei, definitivamente, que tudo aquilo que ensinei deu certo. Mas se ganhar tênis, camiseta ou pijama eu devolvo.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Minha nada mole vida

Estar casado com mulher inteligente é um saco. Ela sempre encontra meios de perturbar nosso sossego, fisgar os nossos pontos fracos. Agora, a minha está a caçoar do final das minhas benditas férias. Afirma: “sua vagabundice vai acabar”. E depois, com voz tremulante: “Está chegando a hora de você trabalhaaarrr... As auuulllas estããão chegando...” E, depois, profetiza: “Nada é tão ruim que não possa ficar ainda pior”.

E, caro leitor, o terrível é que ela tem razão. Voltar para o “basquete” (termo do meu sogro) é uma sacanagem. Ainda mais sendo professor. E por quê?   Nesta merreca escola, a atual, o aluno é vítima de bullying e o professor de burring (burro em inglês). Mas você duvida disto? Pois bem, para confirmar o FEBEAPA (Festival de Besteiras que Assola o País), apresento uma série de “pérolas” que colecionei desde 1998 corrigindo provas. Eis a çabedoria esposta em redassões:

  • Prova um: Capitalismo é o contrário de interiorismo.
  • Prova dois: Quilombo dos Palmares é importante feira onde vende-se muita carne.
  • Prova três: Onde o sol nasce é o nascente, onde ele desce a gente não sabe.
  • Prova quatro: Solon foi o principal ditador da democracia grega.
  • Prova cinco: Tiradentes depois de morto foi enforcado.
  • Prova seis: O hino nacional brasileiro foi feito por Ozonio, o Duque da Estrada.
  • Prova sete: Para renovar o novo é precizo mudar e sair diferente da inovação.
  • Prova oito: Foi Dracon que criou a lei que dizia que a lei era grega.
  • Prova nove: As leis foram criadas na modernidade porque estavam na moda.
  • Prova dez: Professor, eu não entendo o que você explica. É melhor você ditar.

Caro leitor, qual a causa disso? Não sei... Só sei que a culpa não é dos alunos, muito menos dos professores. Da política educacional? Dos empresários de deseducação? Do diabo? Será que somos todos hipócritas ao preferir uma TV LCD 50” em lugar de mobilização social pela cultura?

Um amigo disse que a escola é um oceano onde os professores afundam, os alunos bóiam e os donos passeiam.  E encerro com um fato esclarecedor: estava tomando cafezinho na sala dos professores e falei para um colega:
- Parabéns! Parabéns mesmo, você conseguiu o título de Doutor, vai subir na carreira.
- Fala baixo, Mário Sérgio, senão eles me mandam embora – ele me respondeu.

Conclusão: de escola e da mulher a gente precisa tirar férias!

segunda-feira, 23 de julho de 2012

A TV do futuro

O mundo do futuro será intermediado de pessoa para pessoa pela imagem. O mundo do futuro aponta para o simulacro.

Esse é um pensamento que tive hoje, após ler o excelente texto A TV do futuro, de Tadeu Jungle e João Ramirez, publicado na Folha de São Paulo.

"No futuro, tudo será tela. Agora, no Natal de 2012, o grande presente popular será um tablet. A segunda tela estará ligada nas redes sociais — enquanto assistimos ao show do Roberto, comentando as músicas com os nossos amigos da web. Ou será que a própria tela da sala vai se dividir, metade TV e metade internet, num show de interatividade?"

Vale a pena conferir o texto na íntegra. Realmente, são muitas as reflexões necessárias sobre o assunto. E você, ainda assiste TV? Ainda?

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Isso que é bunda!


Qual é a grande preferência nacional? Não é o futebol, nem a cachaça, sequer a feijoada. É a bunda. E no caso específico: a bunda da Juliana Paes. Meu Deus e que bunda... Sua abundância é amazônica. E não é somente rotunda como outras    da Tiazinha, Mulher Melancia    que pipocavam nas mídias siliconizando nossa imaginação. E qual é a diferença? A da atriz é uma bunda nacional. Agora explicitada na novela Gabriela. Ou melhor, é um glúteo do Brasil que se transforma em guloseimas do Brazzzil!

E por que tanta exaltação? Naquela dimensão cabem as curvas oblíquas do Oscar Niemeyer. As ondulações dos morros. A cor parda da nossa miscigenação. A “sustância” de ser bem nutrida com arroz com feijão. Sintam o óbvio: a própria palavra é tão bonita    bunnnnda    que sôa como um tambor! Ainda mais: o nosso desejo erótico associa foder ao verbo comer, isto é, todo homem imagina saltar nela pelos tempos e espaços. E, finalmente, aos ululantes traseiros correspondem fartos peitos (bunda com mulher chapada na frente não combina) os quais explicam o porquê de nossa boca ser tagarela.

Bunda sinaliza. Bunda pontifica. Bunda personifica. E na bunda a bondade não existe.

Parabéns para ela! É o estandarte, sem Paz, do país.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Carta à Mãe Natureza

Cúpula dos Povos, Rio+20 - Foto: Marcos de Paula/AE

Minha Mãe, senhora dos milhares de anos, vós que renovas suas águas, frutos da terra, ar que respiramos, cores nos céus e que, agora, estás em febre pelas nossas imundices – dióxido de carbono nos ares, nitrato nos solos, metano pelo descongelamento das geleiras nos pólos –, saiba que somos culpados por nossa loucura. E se há 2.000 anos Jesus disse: “Perdoe Pai, eles não sabem o que fazem”, neste século XXI, alguém poderia dizer, sem hipocrisia: “Pai, eles sabem o que fazem e, o pior: continuam fazendo”.

Estamos, outra vez, adorando nossos “bezerros de ouro”. Pelo Deus-Lucro, estamos desgovernados pela desigualdade social – 80% da riqueza mundial é dirigida a 20% da população – em busca de uma falsa prosperidade. Pelo Deus-Progresso, intoxicamo-nos pelas terras queimadas nos campos, espigões construídos nas cidades, empresas que privatizam as águas. Como recompensa, prometem melhor qualidade de vida, mas essa desaparece. Pelo Deus-Imagem, estamos zumbis em falsas publicidades (culto narcísico dos corpos, busca da eterna juventude) que nos insensibilizam na apatia social. Saiba, minha mãe, que preferimos beijar os chãos dos palácios a protestar contra os reis e rainhas.

 A ONU nos alerta, desde 2007, que se não alterarmos em vinte anos nosso modo de vida, baseado no consumo irrefreável dos bens da natureza, não haverá como repor em tempo hábil os recursos da Terra. E o aquecimento global causará a explosão de epidemias, aumento da desertificação, guerras pelo controle da água e centenas de milhares de mortes. Daí pergunto: somos suicidas?

Sei pelos livros que o Homem é um elo muito recente na escala reprodutiva do mundo. Também entendo que somos apenas um ínfimo fio na rede extraordinária de todos os seres. Mas, pelo seu exemplo Mãe, sentimos – mais do que sabemos – que a Vida é mais forte que a Morte. Então, minha mãe, ainda temos uma chance.

terça-feira, 22 de maio de 2012

Xuxa e o cabaré das crianças

    "Fantasia de um lado versus realidade de outro"  
                       (Foto: Xicão Jones/Xuxa.com)
Neste domingo fiquei solidário com a Xuxa. Seu depoimento na TV Globo foi comovente ao relatar o abuso sexual que sofreu na infância. Seu trauma, como ela afirmou, foi intenso. Sentia-se “suja”. E essa dor produz uma inversão psíquica na vítima. Crê-se culpada; como mulher, interiormente, se condena; como amante, sente-se incompleta; humana, vê-se como coisa.

Importante é a denúncia da pessoa Xuxa. Ajuda inúmeras mulheres a exteriorizar o fato e compreender a sua situação. Existe aí a possibilidade, não somente da punição do psicopata, mas da recuperação da autoestima.

Esse gesto corajoso consolida um dos princípios básicos dos Direitos Humanos: o corpo é inviolável. Somente com a permissão da própria pessoa, o outro (namorado, médico, estilista, etc.) pode tocá-la. Desde um consentimento sexual ou permissão de uma cesariana, até o simples gesto de ser revistada numa abordagem policial.

No entanto, caro leitor, chamo a atenção para outro fato relacionado ao abuso do corpo. Agora, incentivado pela apresentadora Xuxa desde os anos 80. Ela foi uma das estimuladoras de ter transformado o corpo das crianças numa vitrine do consumo: sapatinho, cintinho, chapeuzinho, roupinha pink, etc. E daí? Ora, essas vestimentas carregam valores (como toda roupa!) de aceitação social por meio da sensualidade.

Isso cria na criança uma expectativa de ser “grande”, inclusive, com fantasias sexuais — ser doce, estar sempre disposta, ansiosa por novidades, rebolado nos quadris — que não se completarão na fase adulta. Fantasia de um lado versus realidade de outro. Isso, sem dúvida, levará a vítima a perguntar quando iniciar a sua vida sexual: será que tenho algum defeito? Por que não consegui atingir o clímax que pensava? Conclusão: frustrações e mais frustrações. Isso é um campo fértil para as neuroses.

Foi a celebridade Xuxa (não a pessoa em si) que potencializou o “cabaré das crianças”. Mais se compra, mais se vende as ilusões. Mais se goza, menos se tem prazer. No entanto, para a pessoa Xuxa, os nossos aplausos.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Direitos Humanos

Bombou no facebook, no último mês, a foto (foto 1) de um policial com um taco de baseball na mão, onde estava escrito: Direitos Humanos. A maioria dos internautas (ou intercurtas?) aplaudiu a imagem na justificativa dos velhos padrões de programas radiofônicos – Gil Gomes & Cia – onde se defendia a tortura, o crime feito por agentes do Estado. E o  lema: Bandido bom é bandido morto.
Foto 1 - Fonte:Google
Como as redes sociais permitem que todos expressem sua opinião (fundamentadíssima!), esse tipo de conduta (idiota) está virando costume: a foto de ladrões mortos a tiros (foto 2) sendo aplaudida de pé, ou gritos de apoio à violência da polícia no caso da USP, ou mesmo no morro do Alemão, quando a ocupação da polícia aconteceu: “Entra atirando neles, é tudo bandido mesmo”.
Foto 2 - Fonte:Google
Recordo uma frase dita nos centros de tortura da ditadura militar: “Os anjos dos Direitos Humanos encaminhamos aos Céus!” Ali foram assassinados centenas de pessoas. Executadas em pau de arara, cadeiras do dragão, estupradas, etc.
 
O que passa na cabeça de um jovem a defender estes comportamentos? Acredita que a porrada é pedagógica? Como processa a sua raiva sobre bandidos? Pensa com a cabeça ou com o fígado? Acredita que os Direitos Humanos defendem impunidade aos bandidos?

Explico um pouco sobre Direitos Humanos. E o primeiro é o Direito à Vida com dignidade. Dignidade de existir com Liberdade. Dignidade na busca da Justiça Social. Dignidade de ter seus direitos políticos respeitados. Dignidade de uma boa escola e saúde pública. Dignidade de respeito ao meio ambiente. Ora, que alguém é contra isto? Mas os insensatos responderão: mas tudo isto é coisa de rico? Então, lute contra os privilégios dos ricos. Será que você tem coragem de enfrentar o poder? Será que o poder político e econômico não é o maior bandido de todos?

As pessoas, adultos ou jovens, engolem falsas ideias por várias razões: são vítimas de um discurso único de uma só tecla (boa é a violência contra quem não gosto). Será que isto convence? Também é mais fácil, cômodo, simplista e mesmo burro pensar desta forma, seguindo o rebanho. De acordo com a frase: “aceitas o jugo e te convertes em boi, tens palha quente e gostosa; aceitas ficar de quatro e ser ordenhado”.

Mas o pior é não compreender que o próximo “pato” a pagar pela ignorância é o próprio Rambo destas ideias. Será o prato - servido com uma maçãzinha na boca - dos torturadores. Sejam eles bandidos do Estado ou criminosos civis. Aos dois, a prisão!

Os Direitos Humanos defendem o cumprimento de leis - liberdade de ideias, defesa do bom salário, qualidade escolar, legítimos partidos políticos, respeito ao meio ambiente - que as autoridades não cumprem. Ao contrário, recebem o apoio de ignorantes trogloditas que pensam que viver na pré-história faz bem à saúde! 

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Motosserra é a solução!


Como poucos protestam; como poucos analisam as informações; como a maioria se comporta de forma bovina aceitando más decisões, uns poucos – mas de grande poder econômico e político – resolvem declarar que nossas matas devem ser nossas inimigas. Isto é, motosserra nelas! Madeira para vender, índio para correr, carvão para queimar. Assim se ganha mais, não é verdade?

A recente decisão da Câmara dos Deputados, rejeitando o Código Florestal do governo, que já era ruim, determinou que: quem desmatou ficará impune. Matas ciliares nas margens dos rios, encostas de morros e topos de elevações podem ser devastadas em nome do tal do progresso. Poluição rima com acumulação. Assim se ganha mais, não é verdade?

Quais as consequências dessas votações legislativas? Caso o Executivo não barre esse horror, poderemos esperar para os próximos anos mais desastres ambientais. Lembremo-nos do que aconteceu em 2010, em Petrópolis, Teresópolis. Defuntos riam com fundos econômicos!

Mas convenhamos que assim se ganha mais, não é verdade? Os latifundiários poderão comprar mais motosserras.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Cultura ou Usura das artes?

As políticas governamentais de Cultura – de qualquer plano: municipal, estadual ou federal – são lamentáveis. E isso há bastante tempo. E por quê? Para as autoridades, as artes estão em segundo plano, ou melhor, são cerejas nos bolos. Algo supérfluo. Dizem eles que existem outras prioridades: escola, saúde, habitação, etc. Daí o orçamento na Cultura é tão baixo: não chega a 1%.

Isso não se justifica. Primeiro, se essas outras carências fossem realmente primordiais não estariam no patamar que estão. Um exemplo, comprovado por números: 87% das escolas públicas do Brasil formam alunos do segundo grau que têm dificuldades em somar, dividir e multiplicar. Outros não interpretam qualquer texto; soletram leituras.

Agora, o fundamental: diante da reinante epidemia tentam transformar a arte em analgésico. Ou melhor, em eventos. Eventos para publicidade oficial. Eventos para palanques políticos. Em eventos da moda. Eventos onde são garantidos os retornos lucrativos – como a Lei Rouanet – em favor do setor privado. Em eventos midiáticos.

Ultimamente, no governo Lula, foram feitos projetos interessantes. Algo que se dizia: seria permaneennnteee. Mas pifooooouuu... Quais? Foram os Pontos de Cultura (grupos financiados para criar, por meio da arte, uma Cidadania Participativa e crítica). Porém, nesta gestão da presidente Dilma, tudo isso está zerando: cortaram-se as verbas prometidas; sumiram os canais de comunicação com os órgãos decisórios. Conclusão: retrocesso.

E o que fazer? Primeiro, colocar a “boca no trombone” com denuncias; depois, pressionar as autoridades (já está correndo um abaixo assinado para retirar a atual Ministra da Cultura). E, finalmente, aproveitar o momento eleitoral para ameaçar os “donos do poder” com possíveis insucessos de urna.

Sairemos vitoriosos? Não sei... Mas “encher o saco” é preciso.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Mais um - Demóstenes - na corrupção

Foto: O Globo - 20/05/2010 / Ailton de freitas
A incubadeira que estimula a corrupção no país é a concentração da propriedade: latifúndios, corporações, fundos de pensão, empreiteiras, etc. Elas, no peso crescente de sua influência, ficam isentas do controle social. Possuem tantos braços e pernas - moldam territórios, influências midiáticas, forças partidárias - que não encontram outros corpos de igual dimensão que se contraponham aos seus desmandos. É uma luta desigual entre movimentos sociais pela cidadania versus o gigantismo dos grupos econômicos.

Esta é a gordura - o estado distribuindo milhões a seus “amigos” empresários - que polui a transparência pública e explica a queda de sete ministros (agora caiu o do Trabalho) do governo Dilma. Trocam-se os nomes e endereços, mas evidencia-se que os vasos estão obstruídos pelos interesses privados.

Esta característica não é “privilégio” de nenhum partido político ou apenas do governo federal ou estadual. Estão disseminados em todas as esferas de decisão onde o poder obscurece as relações sociais. Nas licitações estatais, a “engenharia” é a mesma: os empresários (agora é o contraventor Carlinhos Cachoeira) financiam diferentes partidos (agora é o DEM com o senador Demóstenes) no período eleitoral e o vencedor, qualquer que seja, usará as verbas públicas pagando com um zero a mais ao apoio oferecido. No Brasil, o capitalismo é o do “favorzinho”!

Então, o buraco é mais embaixo: é preciso abrir a caixa preta não só dos corruptos, mas também dos corruptores. Será?

segunda-feira, 19 de março de 2012

Notíssias de oje!

Atenção, caros leitores, eis as boas “notíssias de oje”: desaparecerá, em poucos anos, a corrupção no Brasil. Volto a repetir: os cofres públicos sairão ilesos do apetite dos políticos. Mas daí, você retrucará: o Mario Sérgio ficou louco em acreditar nisto. Insisto: corrupção zero. E por quê?

Já explico um pouquinho mais à frente. No entanto, vejam a atual situação: eles – os “representantes do povo” – conhecem o seu “métier”. Agora, agorinha mesmo, quando elaboro o meu imposto de renda tenho de relacionar meus dependentes. Quem são? Coloco os 16 vereadores de Mogi das Cruzes, que custam anualmente R$ 23 milhões por ano. Evidentemente, isto não é crítica; é titica de galinha. Os deputados federais faturam muito mais. Estes recebem, com os seus subsídios (ajuda-moradia; ajuda-terno; ajuda-xerox etc.), a picuinha de apenas R$ 115 mil ao mês. Pouco, não?

A corrupção vai acabar. Agora sim, explico. Segundo pesquisas feitas em 250 escolas, nossos meninos não sabem somar ou diminuir. Nem conferir troco em supermercado. Sequer interpretar um texto; apenas soletram o que está escrito. Daí, com essas limitações, deduzo que os futuros corruptos não saberão quantificar as comissões que receberão “por fora”. Nem transformarão em dólares os reais. Muito menos compreenderão textos metafóricos como “ladrão que corre pouco não vai longe na carreira”. Então: a atual educassão é boa para a onestidade!

Fato recente: um universitário, na minha aula, disse-me que o capitalismo era o contrário de interiorismo. Ele era um “jenio”!

Diante disto, estou contra, contra mesmo, a atual greve dos professores reivindicando melhorias no ensino. Penso, ao contrário, que os professores são imprestáveis. Ganham muito bem e choram de “barriga cheia”. Se trabalham em várias escolas – manhã, tarde e noite –, é para perturbar os alunos. Se exigem o cumprimento da lei que regula o piso salarial, é por interesses eleitorais. Se estão contra a tal “aprovação automática”, é para aporrinhar o governo do PSDB (Pró Sem Docente do Brasil).
Insisto: a atual educassão é boa para a onestidade!

quinta-feira, 1 de março de 2012

Do bom ao boom!


O que o futebol e o carnaval têm em comum? Os dois formam a “cara” do Brasil. São populares no nosso jeitão: alegres, dançantes, driblam os problemas do dia a dia. Evidenciam que apesar de tudo - somos o segundo país em maior desigualdade no mundo - invertemos as tragédias em festas. É como diz a sabedoria popular: quem canta seus males espanta!

Porém, é preciso considerar que tanto no gramado, como nos espaços do Rei Momo, não estamos bons de perna. Nos últimos tempos, definharam-se os campos de várzea. Os bailes nos salões declinaram. Os bons compositores (antigamente, as musicas eram lançadas em agosto para serem apreciadas e cantadas pelo público em fevereiro, no carnaval) estão raros. E os craques contam-se nos dedos.

São coincidências? Creio que os dois, em planos diferentes, estão sofrendo de um mesmo desgaste. Pouco a pouco, estão sendo apropriados. Do verbo apropriar, isto é, estão se tornando uma propriedade, uma marca, uma forma de organização onde o que importa é o preço, a relação custo-benefício, o imediatismo do lucro fácil.

E daí? Perdendo a criatividade de rua, onde se exige improvisação e novidades, moldam-se em repetições, importância das premiações, lucratividade para alguns. Conclusão: o que era (e ainda continua) bom, obrigatoriamente tem que ser formatado num boom do espetáculo!
                              
Essas mudanças, lá no começo dos anos 80, aconteceram nos surgimentos dos chamados líberos no futebol. E das modelos como rainhas de bateria. Os primeiros são exemplos dos brucutus, jogadores de pouca criatividade, mas de grande combate. Lutam pelo “o importante é vencer”. E nisso estamos perdendo para um ladrão maior: o fim do driblador. Estamos no furtobol!
                              
Como atração principal, de outro lado, a passista com seu samba no pé foi substituída pela gostosa de plantão com sua aeróbica de academia. Implantam nos seus corpos o mesmo perfil das mercadorias: estão plastificados. São embalagens expondo o carnanão!
                              
Que pena. Perde-se, apesar da resistência do tesão, a arte popular.


quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Carnaval de muito sexo

Caro leitor, não pense que sou perito na festa do Rei Momo ou um atleta naquele assunto mais picante. E picante sem ironia na palavra. Nada disso. O que desejo é turbinar sua atenção para assuntos “quentes”. Bons temas!
            
Carnaval e atrações sexuais sempre combinaram ao longo da história. O termo vem do latim carnavale, que é a exaltação da carne, dos instintos ligados ao sexo. Na Roma antiga, homenageava-se o deus Baco. Foi onde surgiu a palavra bacanal, a sacanagem generalizada. No entanto, naquela época a festa era diferente. Era o culto da fertilidade. Os antigos esculpiam em pedras formatos de pênis (palavra feia para o pinto, não?) que eram enterradas para fecundar o solo. Assim cultuava-se a natureza como mágica e lúdica.

Mais tarde, aqui no Brasil, os escravos simbolizavam nas festas coloniais seus orixás com símbolos sexuais. E como não tinham absorvido a ideia do pecado e a culpa, que são próprias do catolicismo, usavam e abusavam do contato entre os corpos. Depois, no século XIX, explodiu a gozação: homens vestindo-se de mulheres, sérios virando loucos, mulheres diminuindo o tamanho de suas vestimentas.

No inicio do século XX, o grande mestre Nelson Rodrigues disse que o carnaval mais delirante de todos os tempos foi o de 1918. E por quê? Depois da gripe espanhola, em que mortos ficavam expostos na rua (no Rio de Janeiro, ¼ da população faleceu), a festa explodiu para celebrar a vida. Que bom! E como? Ora, com sexo. Foi quando o teatrólogo viu pela primeira vez uma odalisca que mostrava o umbigo. Que sensualidade, que buraquinho encantador, que orifício a ser desvendado; sua imaginação, ainda de menino, alcançou os píncaros, subiu até o pescoço!

Como isso é impossível hoje - os corpos já estão devassados pelas exposições das intimidade - qual festa desejamos? Qual profanação? Não sei. Mas há de ter sexo. E, com absoluta certeza, no enriquecimento de fantasias e adereços.

Aproveite! 

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Parabéns, Rafinha Bastos!

Esse cara é muito abusado. E é por isto, por ter ousadia, correr o risco de ser inconveniente, não ser “politicamente correto”, que gosto dele. Coloca o dedo na ferida (somos bonzinhos demais!) de nossas hipocrisias. Como agora, que foi proibido pela Justiça (o nosso Poder Judiciário também proibiu o jornal Estadão de divulgar notícias de falcatruas sobre o filho do Sarney) de vender o seu DVD, em que faz piadas sobre a APAE.

Piadas maldosas? E daí? Ora, se for algo de mau gosto, teríamos também que censurar as provocações do falecido teatrólogo Nelson Rodrigues. Ou as falas desbocadas da Dercy Gonçalves. Também as músicas agressivas dos Racionais. E as poesias eróticas publicadas pelo poeta Carlos Drummond de Andrade.

Portanto, se alguém gosta de ser certinho, super bem comportado, cumpridor dos deveres, aconselho o seguinte: proteste contra o Rafinha Bastos. Pelo menos, vai erguer a voz contra as coisas ditas “incorretas”. É, sem dúvida, o primeiro passo para deixar de ser submisso ao que aprendeu ser correto, isto é, as babaquices como: “só o amor constrói”; “o estudo é a luz da vida”; “sou temente a Deus”. E, especialmente, achar que o artista deve seguir os bons costumes da sociedade em que se vive. Ou se vegeta?

#CausosQueEuNãoEntendo - Rafinha Bastos


Compartilhe a imagem no Facebook.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Rita Lee irritou os BENS comportados!

O rock nacional se fez presente, mesmo, com explosões a partir da década de 60. Lá estavam Os Mutantes, Erasmo Carlos, Renato e seus Blue Caps, Os Jordans, a guitarra de Leny, Os Incríveis, entre outros. De alguma forma, com suas roupas extravagantes, todos eram provocadores. De comportamentos dissonantes. Não exatamente da política, pois a radicalidade estava mais com a MPB (Edu Lobo, Chico, Geraldo Vandré) no combate contra o Estado Autoritário (1964/1985).
            
E daí? Os jovens daquela época caminhavam nesta duplicidade: na cabeça, os sons do protesto; mas, no pinto, nos cabelos, na boca com suas drogas, nas calças boca de sino, estavam com os Tropicalistas. Evidentemente, que a repressão entendeu aquele recado (não era nada burra!). Mandou exilar os Chicos e prender os Caetanos da vida. Por aqui ficaram Milton Nascimento, Gal, Paulinho da Viola e, hoje, a vovó do rock Rita Lee.

Todos esses representaram o melhor da nossa cultura musical. Depois vieram as bandas, seus netos e bisnetos: Paralamas, Ultraje, Rádio Táxi, Ira, Chico Science e, recentemente, Los Hermanos. São ótimos!

É nesse contexto que ofereço a todos eles - e a Rita em particular - o meu agradecimento num p-u-t-a  quiuuu  p-a-r-i-uuuuuu de primeira linha. Eles têm todo o Direito (com D maiúsculo) de irritar os bens (de propriedade, do lucro financeiro) comportados (a PM, a burocracia estatal, os governadores) com um tiro verbal, dentro do palco, contra os desmandos do poder, pois somos nós que, no dia a dia, levamos no cú por suas explorações.

Obrigado, Rita!


quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

São Paulo: amoródio!

Avenida São Luís, no centro, vista do edifício Louvre /
Imagem: Alexandre Kröner
Estar em São Paulo é viver sempre na iminência. De quê? Não sei. Perto da tragédia, também do maravilhoso, algo do inusitado, ao lado do horroroso, misturado ao desconhecido, junto com o embaraçoso. Enfim, no fio da navalha do desconhecido. A cada esquina algo está a sua espera ou a sua espreita. É um convívio diário do trabalho regado a muitos atalhos que a cidade - o bem e o mal são cúmplices - oferece (ou tira?) de tudo.

Assim, amamos São Paulo. Mas isso não é verdadeiro, também odiamos São Paulo, igualmente não real. Talvez, pela imprecisão do que sentimos, precisaríamos criar um novo termo: amoródio. Mas essa nova junção, do sublime com o rasteiro, também ficaria incompleto. E por quê? Ali, os amores, conflitos, desastres, junções ficarão eternamente sem um final; como um horizonte que tateamos, mas nunca possuiremos e, ao contrário, há de nos perseguir. Tudo ali se movimenta, transforma-se em algo, tão formidável quanto assustador, como um mutante fascinante e devorador.

Assim, São Paulo é, no fundo, no fundinho mesmo, o retrato de todos nós. Surfando perto do abismo.


quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

BBB: Big de quê?

“Pobre é a vida de quem precisa de heróis.”
                                              Bertold Brecht
Intimidades - se você briga com sua mãe, se falou mal do filho, deu pancada no irmão - devem ser reveladas? Quem se interessa pela vida do vizinho? Fulana se vestiu como? Outros devem saber o que faço dentro de quatro paredes? É fundamental experimentar pitadinhas diárias de ti-ti-ti? Pois bem, caso tenha respondido que isso é necessário e, por isso, assiste ao BBB, mesmo para falar mal de tal personagem (chega de hipocrisia em dizer que não gosta, mas assiste!), afirmo claramente: existe uma carência em sua vida. De quê? De qual conflito foge? Em que medida você é responsável pelo dado vegetativo de sua vida?

Concordou ou discordou das colocações acima? Tá legal... Mas o fundamental eu não escrevi. O que importa é perguntar: por que está acontecendo essa exposição da privacidade? Respondo com outra pergunta: será que nós mesmos não estamos nos transformando em personagens do BBB? Nossa vida não está sendo também invadida pelas imagens? Afirmo: se estivermos entrando num banco, na portaria de um prédio, se passarmos pela avenida 23 de maio, se digitarmos nossas intimidades ou preferências ideológicas, estamos sendo vigiados. Digo mais: na guerra do Iraque, os satélites tinham a capacidade de se aproximar a 30 cm do relógio de qualquer soldado.

Ora, mergulhamos numa sociedade da imagem. Ora, na diversão (BBB: Big de quê?). Ora, na vigilância. Com argolas da mesma algema de poder: o consumo. Não é mais preciso dar porrada, podemos ser escravos pela própria submissão. Somos bípedes, mas alguns adoram viver de quatro nas palavras de ordem: experimente, experimente, experimente.

Com isso, explodem os individualismos, os corpos narcísicos, as modelos com bundas plastificadas, a adoração religiosa em shows aeróbicos e os amores descartáveis. E, no vazio, por que não inspirar uma carreirinha para preencher a existência. Ou desistência?

E qual é esse poder que nos controla numa vida “fast-food”? Vá ao banco e veja qual o saldo da sua conta. E aproveite para problematizar o seu saldo ou déficit amoroso.


#CausosQueEuNãoEntendo - Big Brother Brasil

Compartilhe a foto no Facebook.


quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Causos que eu não entendo #3 - Cracolândia

2012 é ano de eleição.

Os governos estadual (PSDB) e municipal (PSD) planejavam uma operação na Cracolândia somente nos próximos meses. Só que até lá, o governo federal (PT) poderia interferir na região e ficar com os créditos de uma possível ação bem-sucedida.

Aí, o que fazem as autoridades paulistas - primeiro ou segundo escalão, não importa: de uma hora para a outra, como em um surto, resolvem agir de forma "precipitada" (foi esse o termo usado pelo Ministério Público).

Agora, responda:


  

Participe da #CausosQueEuNãoEntendo, compartilhe com sua rede de contatos no Facebook e Twitter e espalhe pulgas atrás das orelhas por aí. O incômodo pode ser o motor da mudança.

Ainda não conhece a campanha? Estamos no terceiro causo, veja aqui.


segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Que beleza de Cracolândia!

Morador da Cracolândia - Foto: Eduardo Enomoto/R7
Seguem algumas perguntas bem ingênuas (ingenuidade é doença): por que a ação repressiva realizada pela PM, na região chamada de Cracolandia, não foi acompanhada de algum órgão assistencial ou grupo de Direitos Humanos? E se apenas a repressão foi realizada, qual a explicação para o fato de que nenhum grande traficante foi preso?

Na outra ponta: será que as autoridades sabiam que sequer estava pronto o centro de acolhimento para 1.200 dependentes químicos? Depois da inauguração do abrigo, as cúpulas da Segurança Pública, Assistência Social e Saúde colocariam em prática a operação, que estava sendo planejada há dois meses. Por que não foi assim que aconteceu?

Outras indagações mais explícitas: foi mentira dos moradores dos prédios vizinhos a afirmação de que viaturas policiais passaram sobre corpos de viciados (Folha de São Paulo, 7/1 - Cotidiano)? E qual a razão do governador do estado proibir a divulgação, na última sexta-feira, de informações sobre a operação? Por que os comerciantes da região usam o termo “limpeza” para se referir ao ocorrido? Será coincidência perceber que essas mesmas autoridades já foram denunciadas em promover ações semelhantes - de “embelezamento urbano” - nas imediações da avenida Paulista?

Qual o motivo da ação ser realizada no começo do ano novo? Começar 2012 com o “pé direito”? Ou continuar com as “pirotecnias” habituais?

Caro indignado, saiba que a droga produz o mesmo efeito no ânimo do dependente, na intenção das autoridades e no objetivo do cirurgião plástico: deixar a mulher com uma aparência de 20 anos, somente da cintura para cima.


quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Causos que eu não entendo #2 - Comissão da Verdade

Dando continuiadade à nossa campanha #CausosQueEuNãoEntendo, apresento a segunda questão.

Participe, compartilhe com sua rede de contatos no Facebook ou Twitter e espalhe pulgas atrás das orelhas por aí - o incômodo pode ser o motor da mudança.




Confira também o causo #1 (Usina de Belo Monte) e continue acompanhando. Inclusive, qual será o próximo? Deixe sua sugestão.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Porre

Acordei de ressaca. O teto do quarto girava, a boca estava amarga, cabeça estalava. Culpado? Foi o meu filho que me presenteou com uma cachaça pra lá de boa, chamada “Porreta”. Nome sugestivo, não é mesmo? Ele, para descontar os erros paternos, fez os maiores elogios à bebida, afirmando que até o Perdê (nome de um amigo que despenca depois do primeiro copo) tomou todas e ficou de pé. Conclusão: numa propaganda enganosa, cai como um pato!

O pior é que não me lembro nadinha do que aconteceu. Fui perguntar para a minha mulher do ocorrido e ela permaneceu trancada da Silva. Aliás, durante todo o dia. Recebi o aviso: perigo à vista! Depois, fui conversar com o meu filho: Fiz alguma bobagem? Respondeu seco: Não vou te contar! Isso aumentou a minha angustia. Depois do porre sempre vem a culpa, o mal-humor, e chego nesta conclusão: beber é ruim, mas a bebida é muito boa. Mas para acalmar o ambiente - tava pesado, pois ninguém olhava pra minha cara - tentei fazer algumas gracinhas e até a empregada chutou o cachorro morto: Vai começar tudo novamente!
           
Na solidão da ressaca, fui ao banheiro, sentei no trono na mesma posição que o Pensador, de Rodan. Fiquei a tagarelar: Quem sou eu? O que foi que fiz? Daí, Eureka..., acendeu uma luzinha nas minhas parcas ideias e veio a solução: vou culpar a minha mãe pelo ocorrido. Isso mesmo: minha mãe Alcina. E por quê? Antes da resposta, caro leitor, não pense que estou ainda bebaço pela solução apresentada. Veja a minha lógica: dona Alcina, no alto de seus 93 anos, toma escondida seus goles da “mardita” e eufórica diz: Esta água benta me conserva! E bota conserva nisso, a velha está em forma, lúcida e, agora, sem censura nenhuma. Está uma praga!

Ora, se quero viver por muito tempo, achei a fórmula na seguinte frase: siga o exemplo que nasce dentro de casa. Tenho certeza que com esta afirmação, siga o exemplo de dentro de casa (meu Deus, estou repetindo a frase. Será que continuo meio bêbado?) eles não irão me contestar, porque dizem o mesmo para mim: Você não se emenda, só pensa nestas bobagens de política e cultura. Isso é gastar vela para defunto ruim. O bom é o que acontece dentro de casa.

Pois bem, quando afirmei, diante de todos, a causa do meu infortúnio --- o crime pertencia a genitora --- foi só risada e até bateram palmas para mim. Conclusão: fiquei mais desacreditado. E para resgatar um pouco da autoestima, escrevi este artigo.

Reafirmo: neste ano novo, siga o exemplo que nasce dentro de casa