quinta-feira, 28 de junho de 2012

Isso que é bunda!


Qual é a grande preferência nacional? Não é o futebol, nem a cachaça, sequer a feijoada. É a bunda. E no caso específico: a bunda da Juliana Paes. Meu Deus e que bunda... Sua abundância é amazônica. E não é somente rotunda como outras    da Tiazinha, Mulher Melancia    que pipocavam nas mídias siliconizando nossa imaginação. E qual é a diferença? A da atriz é uma bunda nacional. Agora explicitada na novela Gabriela. Ou melhor, é um glúteo do Brasil que se transforma em guloseimas do Brazzzil!

E por que tanta exaltação? Naquela dimensão cabem as curvas oblíquas do Oscar Niemeyer. As ondulações dos morros. A cor parda da nossa miscigenação. A “sustância” de ser bem nutrida com arroz com feijão. Sintam o óbvio: a própria palavra é tão bonita    bunnnnda    que sôa como um tambor! Ainda mais: o nosso desejo erótico associa foder ao verbo comer, isto é, todo homem imagina saltar nela pelos tempos e espaços. E, finalmente, aos ululantes traseiros correspondem fartos peitos (bunda com mulher chapada na frente não combina) os quais explicam o porquê de nossa boca ser tagarela.

Bunda sinaliza. Bunda pontifica. Bunda personifica. E na bunda a bondade não existe.

Parabéns para ela! É o estandarte, sem Paz, do país.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Carta à Mãe Natureza

Cúpula dos Povos, Rio+20 - Foto: Marcos de Paula/AE

Minha Mãe, senhora dos milhares de anos, vós que renovas suas águas, frutos da terra, ar que respiramos, cores nos céus e que, agora, estás em febre pelas nossas imundices – dióxido de carbono nos ares, nitrato nos solos, metano pelo descongelamento das geleiras nos pólos –, saiba que somos culpados por nossa loucura. E se há 2.000 anos Jesus disse: “Perdoe Pai, eles não sabem o que fazem”, neste século XXI, alguém poderia dizer, sem hipocrisia: “Pai, eles sabem o que fazem e, o pior: continuam fazendo”.

Estamos, outra vez, adorando nossos “bezerros de ouro”. Pelo Deus-Lucro, estamos desgovernados pela desigualdade social – 80% da riqueza mundial é dirigida a 20% da população – em busca de uma falsa prosperidade. Pelo Deus-Progresso, intoxicamo-nos pelas terras queimadas nos campos, espigões construídos nas cidades, empresas que privatizam as águas. Como recompensa, prometem melhor qualidade de vida, mas essa desaparece. Pelo Deus-Imagem, estamos zumbis em falsas publicidades (culto narcísico dos corpos, busca da eterna juventude) que nos insensibilizam na apatia social. Saiba, minha mãe, que preferimos beijar os chãos dos palácios a protestar contra os reis e rainhas.

 A ONU nos alerta, desde 2007, que se não alterarmos em vinte anos nosso modo de vida, baseado no consumo irrefreável dos bens da natureza, não haverá como repor em tempo hábil os recursos da Terra. E o aquecimento global causará a explosão de epidemias, aumento da desertificação, guerras pelo controle da água e centenas de milhares de mortes. Daí pergunto: somos suicidas?

Sei pelos livros que o Homem é um elo muito recente na escala reprodutiva do mundo. Também entendo que somos apenas um ínfimo fio na rede extraordinária de todos os seres. Mas, pelo seu exemplo Mãe, sentimos – mais do que sabemos – que a Vida é mais forte que a Morte. Então, minha mãe, ainda temos uma chance.