quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Carnaval de muito sexo

Caro leitor, não pense que sou perito na festa do Rei Momo ou um atleta naquele assunto mais picante. E picante sem ironia na palavra. Nada disso. O que desejo é turbinar sua atenção para assuntos “quentes”. Bons temas!
            
Carnaval e atrações sexuais sempre combinaram ao longo da história. O termo vem do latim carnavale, que é a exaltação da carne, dos instintos ligados ao sexo. Na Roma antiga, homenageava-se o deus Baco. Foi onde surgiu a palavra bacanal, a sacanagem generalizada. No entanto, naquela época a festa era diferente. Era o culto da fertilidade. Os antigos esculpiam em pedras formatos de pênis (palavra feia para o pinto, não?) que eram enterradas para fecundar o solo. Assim cultuava-se a natureza como mágica e lúdica.

Mais tarde, aqui no Brasil, os escravos simbolizavam nas festas coloniais seus orixás com símbolos sexuais. E como não tinham absorvido a ideia do pecado e a culpa, que são próprias do catolicismo, usavam e abusavam do contato entre os corpos. Depois, no século XIX, explodiu a gozação: homens vestindo-se de mulheres, sérios virando loucos, mulheres diminuindo o tamanho de suas vestimentas.

No inicio do século XX, o grande mestre Nelson Rodrigues disse que o carnaval mais delirante de todos os tempos foi o de 1918. E por quê? Depois da gripe espanhola, em que mortos ficavam expostos na rua (no Rio de Janeiro, ¼ da população faleceu), a festa explodiu para celebrar a vida. Que bom! E como? Ora, com sexo. Foi quando o teatrólogo viu pela primeira vez uma odalisca que mostrava o umbigo. Que sensualidade, que buraquinho encantador, que orifício a ser desvendado; sua imaginação, ainda de menino, alcançou os píncaros, subiu até o pescoço!

Como isso é impossível hoje - os corpos já estão devassados pelas exposições das intimidade - qual festa desejamos? Qual profanação? Não sei. Mas há de ter sexo. E, com absoluta certeza, no enriquecimento de fantasias e adereços.

Aproveite! 

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Parabéns, Rafinha Bastos!

Esse cara é muito abusado. E é por isto, por ter ousadia, correr o risco de ser inconveniente, não ser “politicamente correto”, que gosto dele. Coloca o dedo na ferida (somos bonzinhos demais!) de nossas hipocrisias. Como agora, que foi proibido pela Justiça (o nosso Poder Judiciário também proibiu o jornal Estadão de divulgar notícias de falcatruas sobre o filho do Sarney) de vender o seu DVD, em que faz piadas sobre a APAE.

Piadas maldosas? E daí? Ora, se for algo de mau gosto, teríamos também que censurar as provocações do falecido teatrólogo Nelson Rodrigues. Ou as falas desbocadas da Dercy Gonçalves. Também as músicas agressivas dos Racionais. E as poesias eróticas publicadas pelo poeta Carlos Drummond de Andrade.

Portanto, se alguém gosta de ser certinho, super bem comportado, cumpridor dos deveres, aconselho o seguinte: proteste contra o Rafinha Bastos. Pelo menos, vai erguer a voz contra as coisas ditas “incorretas”. É, sem dúvida, o primeiro passo para deixar de ser submisso ao que aprendeu ser correto, isto é, as babaquices como: “só o amor constrói”; “o estudo é a luz da vida”; “sou temente a Deus”. E, especialmente, achar que o artista deve seguir os bons costumes da sociedade em que se vive. Ou se vegeta?

#CausosQueEuNãoEntendo - Rafinha Bastos


Compartilhe a imagem no Facebook.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Rita Lee irritou os BENS comportados!

O rock nacional se fez presente, mesmo, com explosões a partir da década de 60. Lá estavam Os Mutantes, Erasmo Carlos, Renato e seus Blue Caps, Os Jordans, a guitarra de Leny, Os Incríveis, entre outros. De alguma forma, com suas roupas extravagantes, todos eram provocadores. De comportamentos dissonantes. Não exatamente da política, pois a radicalidade estava mais com a MPB (Edu Lobo, Chico, Geraldo Vandré) no combate contra o Estado Autoritário (1964/1985).
            
E daí? Os jovens daquela época caminhavam nesta duplicidade: na cabeça, os sons do protesto; mas, no pinto, nos cabelos, na boca com suas drogas, nas calças boca de sino, estavam com os Tropicalistas. Evidentemente, que a repressão entendeu aquele recado (não era nada burra!). Mandou exilar os Chicos e prender os Caetanos da vida. Por aqui ficaram Milton Nascimento, Gal, Paulinho da Viola e, hoje, a vovó do rock Rita Lee.

Todos esses representaram o melhor da nossa cultura musical. Depois vieram as bandas, seus netos e bisnetos: Paralamas, Ultraje, Rádio Táxi, Ira, Chico Science e, recentemente, Los Hermanos. São ótimos!

É nesse contexto que ofereço a todos eles - e a Rita em particular - o meu agradecimento num p-u-t-a  quiuuu  p-a-r-i-uuuuuu de primeira linha. Eles têm todo o Direito (com D maiúsculo) de irritar os bens (de propriedade, do lucro financeiro) comportados (a PM, a burocracia estatal, os governadores) com um tiro verbal, dentro do palco, contra os desmandos do poder, pois somos nós que, no dia a dia, levamos no cú por suas explorações.

Obrigado, Rita!