sexta-feira, 13 de abril de 2012

Cultura ou Usura das artes?

As políticas governamentais de Cultura – de qualquer plano: municipal, estadual ou federal – são lamentáveis. E isso há bastante tempo. E por quê? Para as autoridades, as artes estão em segundo plano, ou melhor, são cerejas nos bolos. Algo supérfluo. Dizem eles que existem outras prioridades: escola, saúde, habitação, etc. Daí o orçamento na Cultura é tão baixo: não chega a 1%.

Isso não se justifica. Primeiro, se essas outras carências fossem realmente primordiais não estariam no patamar que estão. Um exemplo, comprovado por números: 87% das escolas públicas do Brasil formam alunos do segundo grau que têm dificuldades em somar, dividir e multiplicar. Outros não interpretam qualquer texto; soletram leituras.

Agora, o fundamental: diante da reinante epidemia tentam transformar a arte em analgésico. Ou melhor, em eventos. Eventos para publicidade oficial. Eventos para palanques políticos. Em eventos da moda. Eventos onde são garantidos os retornos lucrativos – como a Lei Rouanet – em favor do setor privado. Em eventos midiáticos.

Ultimamente, no governo Lula, foram feitos projetos interessantes. Algo que se dizia: seria permaneennnteee. Mas pifooooouuu... Quais? Foram os Pontos de Cultura (grupos financiados para criar, por meio da arte, uma Cidadania Participativa e crítica). Porém, nesta gestão da presidente Dilma, tudo isso está zerando: cortaram-se as verbas prometidas; sumiram os canais de comunicação com os órgãos decisórios. Conclusão: retrocesso.

E o que fazer? Primeiro, colocar a “boca no trombone” com denuncias; depois, pressionar as autoridades (já está correndo um abaixo assinado para retirar a atual Ministra da Cultura). E, finalmente, aproveitar o momento eleitoral para ameaçar os “donos do poder” com possíveis insucessos de urna.

Sairemos vitoriosos? Não sei... Mas “encher o saco” é preciso.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Mais um - Demóstenes - na corrupção

Foto: O Globo - 20/05/2010 / Ailton de freitas
A incubadeira que estimula a corrupção no país é a concentração da propriedade: latifúndios, corporações, fundos de pensão, empreiteiras, etc. Elas, no peso crescente de sua influência, ficam isentas do controle social. Possuem tantos braços e pernas - moldam territórios, influências midiáticas, forças partidárias - que não encontram outros corpos de igual dimensão que se contraponham aos seus desmandos. É uma luta desigual entre movimentos sociais pela cidadania versus o gigantismo dos grupos econômicos.

Esta é a gordura - o estado distribuindo milhões a seus “amigos” empresários - que polui a transparência pública e explica a queda de sete ministros (agora caiu o do Trabalho) do governo Dilma. Trocam-se os nomes e endereços, mas evidencia-se que os vasos estão obstruídos pelos interesses privados.

Esta característica não é “privilégio” de nenhum partido político ou apenas do governo federal ou estadual. Estão disseminados em todas as esferas de decisão onde o poder obscurece as relações sociais. Nas licitações estatais, a “engenharia” é a mesma: os empresários (agora é o contraventor Carlinhos Cachoeira) financiam diferentes partidos (agora é o DEM com o senador Demóstenes) no período eleitoral e o vencedor, qualquer que seja, usará as verbas públicas pagando com um zero a mais ao apoio oferecido. No Brasil, o capitalismo é o do “favorzinho”!

Então, o buraco é mais embaixo: é preciso abrir a caixa preta não só dos corruptos, mas também dos corruptores. Será?