Imagem: Divulgação |
O título faz referência ao texto de Maria Victoria Benevides. É a apresentação de "K." (capa ao lado), recém-lançado pelo jornalista e escritor Bernardo Kucinski.
O romance narra a dor que famílias de desaparecidos políticos sentem pelo "sumiço" de seus entes durante a ditadura militar.
Assim como recomendo a leitura do livro, compartilho esse texto, que é pontual e faz muito bem o papel de apresentar a obra aos leitores.
O trecho que merece destaque é:
"De todos os livros que já li sobre esse período de horror, este é o que mais me emocionou. Lembro-me de ter visto o rosto devastado de K. na Cúria Metropolitana, quando ficou até amigo de dom Paulo Evaristo. Minha emoção ao ler K. é primeiro de compaixão (solidariedade com a dor), depois de enorme raiva e indignação... pela indiferença de tantos; pela hipocrisia de alguns rabinos que negaram apoio à “impura” (!); pelo “perdão” aos torturadores e demais responsáveis, garantido pelo STF; pela canalhice dos que, até hoje, martirizam a família com “informações”; pelo papel repugnante da USP, que demitiu a professora por “abandono do emprego”; pelos políticos que têm ojeriza do tema porque não dá voto – pode até tirar; pelos “ex-combatentes” que falam não querer revanchismo... a lista é longa."
A autora continua, dizendo que "este livro vai marcar um espaço importantíssimo em nossa bibliografia sobre o que muitos ignoram ou escondem".
Por fim, ela deixa o recado:
"E a luta continua. Há que se desvelar a verdade para que não se repita, há que se exigir justiça para que a dignidade das vítimas seja respeitada e a criminalidade das 'autoridades' esclarecida e punida".
Faço dessas as minhas palavras.
Maria Victoria de Mesquita Benevides é socióloga e professora da USP. O texto está disponível no portal Carta Maior.
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