segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Reclamação da República: o 15 de novembro

A palavra república deriva do termo res, coisa. E do sufixo publicae, significando o que é de todos. Enfim, uma coisa pública. Nesta pretensão – maior participação social – alguns homens do Império, como Joaquim Nabuco, pretendiam transformar o país, eminentemente escravocrata, numa nova aurora pela Cidadania, mais democrática. Como? Realizando a abolição com reforma agrária, isto é, libertando o povo e dando, como indenização aos explorados, o direito de possuir sua pequena propriedade para digna existência.

Foi isto que aconteceu? Evidentemente que não. O Brasil foi enquadrado no mando dos “coronéis” na República Velha. Continuaria a exclusão popular, pois os analfabetos, mulheres, mendigos não podiam votar. Era tão separatista que, de 100 pessoas, apenas 12 tinham o privilégio dos direitos políticos.

Será que este fato foi apenas um dado excepcional na nossa história? Creio que não, e não mesmo. O mesmo repetiu-se em outras épocas: o novo revigorou o antigo. Vejam esta esquisitice: pusemos um português para realizar a nossa independência. Um monarquista, Deodoro da Fonseca, como primeiro presidente. Também Getúlio Vargas, ministro da Fazenda da República Velha, dirigiu por 24 anos o país. Depois tivemos a “Revolução” de 1964, que foi um golpe militar. E, recentemente, pelas vias indiretas assumiu o poder José Sarney (1985/1990) que foi chefe do partido militar, a Arena, inaugurando a chamada Nova República. Não é irônico e sugestivo tudo isto?

E hoje? Sem dúvida estamos mais modernos e tecnológicos. Para alguns mais comodidades, para muitos nem tanto. Mas não caio no discurso do “progresso”, deixando de ressaltar o principal: as condições humanas de existência. Vejam nossas insuficiências centenárias: tortura, desigualdade social, sofrível debate político, permanência do latifúndio, saúde humilhante, sistema educacional de idiotices (pela década de 60 foi melhor!) e segurança voltada aos que têm propriedades. Estou mentindo?

Sei igualmente de alguns avanços. Tivemos movimentos sociais interessantes – CUT, UNE, CEBs, MST – mas que hoje estão amorfos. E por quê? Estamos repetindo (aceitando?) velhas formas de cooptação do poder. Em História designamos pelo nome de conciliação, isto é, quando os dominantes deixam brechas para que grupos dominados da oposição moldem-se às velhas engenharias de poder.

Seria possível imaginar tempos atrás Sarney com Lula? Outro exemplo: Waldemar da Costa Neto subsistindo pelo governo de Brasília?

Caros indignados, hoje está difícil concordar. Não se esqueçam das observações de Maquiavel: existe o momento do leão num lema: quem não estiver do meu lado, ajoelhe-se. Mas existe a hora da raposa, noutro lema: quem não estiver do meu lado, venha que a gente se ajeita. Estas frases não são elucidativas?

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