segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Sempre o carnaval


A palavra carnaval vem de carnavale, isto é, carne, corpo, sexo. A celebração dos instintos. Nasceu entre os gregos que saudavam o Deus Dionísio, rei das loucuras, inspiração dos artistas. Mais tarde, os romanos aproveitaram esses festejos para celebrar o Deus Baco, do vinho. E com mais sexo, gerando a palavra bacanal.


Nos tempos da Idade Média, eram festas pagãs que homenageavam a natureza como sinônimo da fertilidade. Mesmo com a Igreja proibindo, nada adiantava. Sempre foi gostoso fazer o transgressivo.

Da península Ibérica veio ao Brasil. E daí encontrou a fervura da cultura negra, nossa principal raiz. Esta vivia em plena escravidão, mas tinha nos gestos do cantar e dançar sua força de resistência contra as atrocidades. No período colonial proliferavam-se festas em que os negros saiam às ruas batucando, pulando, jogando “água de cheiro” nos outros e implantando a folia. É como se diz: quem canta seus males espanta!

A primeira vez em que os jornais descreveram uma festa carnavalesca foi no Rio de Janeiro em 1844. Havia uma figura lendária que puxava os animados foliões: o Zé Pereira, um folclórico português, rei da fuzarca. Mas foi no começo do século passado que o carnaval ganhou sua expressão maior nos blocos de foliões, os corsos, cordões e posteriormente escolas de samba.

Hoje, o carnaval não esmoreceu. Pelo menos nos locais onde a cultura popular é mais vibrante. Vejam a proliferação dos cordões do Rio de Janeiro (são mais de 300), os arrastões da Bahia, os blocos de frevo de Pernambuco.

Aqui em São Paulo, terra do lucro, nosso carnaval evidencia que este tipo de trabalho só atrapalha. Ou melhor: trabalho/congestionamento; trabalho/obediência ao chefe; trabalho/rotina só amortiza a criatividade.  

Saibam: o carnaval é a nossa maior festa libertária.


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