segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Carta ao Felipão

Caro Felipe, prefiro chamar-lhe assim… do que pelo ÃO ao final do seu nome. Este jeito de por grandiosidade no término das palavras - saradão, fudidão, machão - para aceitá-las é burrice. Se assim fosse a corrupção deveria ser nosso feijão com arroz.

Mas aqui o assunto é outro. O drama é o futebol. Caso complicado... veja o seguinte exemplo: na metade dos anos 70, e principalmente dos anos 80, surgiu o pensamento que o nosso jogo dependia do chamado volante. Como o nome afirma deveria ser valente, “macho”, brigador e, por isto mesmo, avesso ao drible e à criação. O jogador que mais encarnou este espírito foi o Dunga. Como Dumbo, de Walt Disney, tem orelhas largas, pesadão e voa como um elefante sobre os outros. Sua virtude máxima é roubar a bola dos adversários e passar a pelota para que outros continuem a jogada. É o jogador boi, cara quadrada de obtuso, queixada à frente no comprimento e cumprimento do dever.

E daí? Ora, Felipe, isto - ser soldadinho de chumbo - é bom para o futebol alemão. Os jogadores de lá tem nomes de caminhões de carga: Von Krugger, Wagner, Rudolf. Suas mulheres parecem sargentonas. Suas cinturas assemelham-se a troncos de árvore. Suas jogadas são boladas como estratégias de guerra: primeiro artilheiro, zagueiro rompedor, goleiro com cara de soldado.

Pois bem, por aqui a cultura é outra: não necessitamos de nazista e sim de passistas. Nossos jogadores devem ser do drible, da ginga, da firula. Cintura fina e ar de moleque. Olha esses nomes históricos: Didi, Zito, Pelé, Pepe, Vavá, o baixinho Romário, etc. Seus nomes são diminutos com tantos inhos do carinho feito por suas jogadas. Fora com os ÃOS nos nomes e no futebol.

Então, por favor, não transforme nossa seleção numa coleção de brucutus. Já perdemos a última Copa do Mundo por isto. Agora, será por aqui.


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