Diz uma marchinha de Lamartine Babo: “Quem foi que descobriu
o Brasil?/ Foi seu Cabral/ Foi seu Cabral/ No Dia 22 de abril/ Dois meses
depois do carnaval”. Pois bem, não querendo discordar do mestre --- nosso
caminhãozinho de areia fica ainda menor diante da sua grandiosidade --- faço um
reparo: o verdadeiro inventor do Brasil foi o negro.
Como? Diante da exploração dos
portugueses, os escravos negros criaram uma resistência muito eficaz: a ginga!
Ginga no coice da capoeira.
Ginga na dança e no drible.
Ginga no vocabulário ao
conjugar as dificuldades no gerúndio (Como você vai? Sábia resposta: eu to levando...)
onde nada se conclui e tudo se esclarece na intuição.
Ginga no ritmo das músicas
para ensinar “quem canta seus males espanta”.
Ginga na religiosidade, na
mistura dos credos. Aliás, fazer uma “simpatia” não faz mal a ninguém.
Ginga na
sexualidade para espantar a hipócrita castidade do pecado católico.
Por tudo isto nós nos beijamos
muito. Somos os campeões na face da Terra. E, graças aos Orixás, pela minha
boca também!
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