O que o futebol e o carnaval têm em comum? Os
dois formam a “cara” do Brasil. São populares no nosso jeitão: alegres,
dançantes, driblam os problemas do dia a dia. Evidenciam que apesar de tudo - somos
o segundo país em maior desigualdade no mundo - invertemos as tragédias em
festas. É como diz a sabedoria popular: quem canta seus males espanta!
Porém, é
preciso considerar que tanto no gramado, como nos espaços do Rei Momo, não estamos bons de perna. Nos últimos
tempos, definharam-se os campos de várzea. Os bailes nos salões declinaram. Os
bons compositores (antigamente, as musicas eram lançadas em agosto para serem
apreciadas e cantadas pelo público em fevereiro, no carnaval) estão raros. E os
craques contam-se nos dedos.
São
coincidências? Creio que os dois, em planos diferentes, estão sofrendo de um
mesmo desgaste. Pouco a pouco, estão
sendo apropriados. Do verbo apropriar, isto é, estão
se tornando uma propriedade, uma marca, uma forma de organização onde o que
importa é o preço, a relação custo-benefício, o imediatismo do lucro fácil.
E daí?
Perdendo a criatividade de rua, onde se exige improvisação e novidades, moldam-se
em repetições, importância das premiações, lucratividade para alguns.
Conclusão: o que era (e ainda continua) bom, obrigatoriamente tem que ser
formatado num boom do espetáculo!
Essas
mudanças, lá no começo dos anos 80, aconteceram nos surgimentos dos chamados líberos
no futebol. E das modelos como rainhas de bateria. Os primeiros são exemplos
dos brucutus, jogadores de pouca criatividade, mas de grande combate. Lutam
pelo “o importante é vencer”. E nisso estamos perdendo para um ladrão maior: o
fim do driblador. Estamos no furtobol!
Como atração
principal, de outro lado, a passista com seu samba no pé foi substituída pela
gostosa de plantão com sua aeróbica de academia. Implantam nos seus corpos o
mesmo perfil das mercadorias: estão plastificados. São embalagens expondo o carnanão!
Que pena. Perde-se, apesar da resistência do tesão, a
arte popular.
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