quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Parabéns, Rafinha Bastos!

Esse cara é muito abusado. E é por isto, por ter ousadia, correr o risco de ser inconveniente, não ser “politicamente correto”, que gosto dele. Coloca o dedo na ferida (somos bonzinhos demais!) de nossas hipocrisias. Como agora, que foi proibido pela Justiça (o nosso Poder Judiciário também proibiu o jornal Estadão de divulgar notícias de falcatruas sobre o filho do Sarney) de vender o seu DVD, em que faz piadas sobre a APAE.

Piadas maldosas? E daí? Ora, se for algo de mau gosto, teríamos também que censurar as provocações do falecido teatrólogo Nelson Rodrigues. Ou as falas desbocadas da Dercy Gonçalves. Também as músicas agressivas dos Racionais. E as poesias eróticas publicadas pelo poeta Carlos Drummond de Andrade.

Portanto, se alguém gosta de ser certinho, super bem comportado, cumpridor dos deveres, aconselho o seguinte: proteste contra o Rafinha Bastos. Pelo menos, vai erguer a voz contra as coisas ditas “incorretas”. É, sem dúvida, o primeiro passo para deixar de ser submisso ao que aprendeu ser correto, isto é, as babaquices como: “só o amor constrói”; “o estudo é a luz da vida”; “sou temente a Deus”. E, especialmente, achar que o artista deve seguir os bons costumes da sociedade em que se vive. Ou se vegeta?

#CausosQueEuNãoEntendo - Rafinha Bastos


Compartilhe a imagem no Facebook.

3 comentários:

Rafael Franco disse...

Incrível a hipocrisia humana. Condena-se por motivos ridículos e tolera-se por questões hediondas. Enquanto a crítica tirar o poder de escolha das pessoas em escolher o que será lido e assistido, continuaremos achando que o BBB é sinônimo de moralidade e humor negro de repulsa.

Thiago Menezes disse...

Concordo com você. Suas analogias foram precisas.

DiasCamila disse...

Ao meu ver, não foi/foram algumas coisas que Rafinha Bastos disse que provocaram toda essa carga de pessoas enfiando seus dedos na cara dele e o julgando. Foi sim, um protesto, talvez não intencional, de se pedir que a comédia seja feita em cima de outras coisas, que não desgraças ou problemas alheios. Somos tão "evoluídos": descobrimos o fogo, fizemos a roda, inventamos a moeda, o carro, o avião, o vale transporte... por que é então que não podemos fazer e ouvir piadas inteligentes? Digo inteligentes, no sentido de se pensar ao construí-la, fazer piada pode ser um processo criativo tão difícil como escrever uma poesia bem construída, metodicamente rimada, pensada, estruturada.
Sou fão do Rafinha Bastos desde o tempo que ele (e eu também) morava em Porto Alegre e colocava vídeos quase caseiros na internet de clipes musicais de Abba e outros grupos musicais. Fiquei chateada, sim, com a piada com a Síndrome de Down, eu não sou perfeita, nem ele. Mas ele é inteligente, ele é capaz, ele tem condições intelectuais de bolar uma piada bem construída.
Abraço.

Postar um comentário